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Tem dinheiro? Sonhou em tirar um carro zero da concessionária neste ano? Fevereiro está aí para mostrar que suas expectativas podem ser frustradas. Já estamos quase em março e as concessionárias só têm carros zero de 2020. Poucas trabalham com lançamentos 2021. O pé no freio da produção por conta da pandemia está comprometendo o estoque.

Gerente da concessionária Mercedes Benz, em Campo Grande, Robson Berté aponta que, no caso dele, o problema é ainda maior, por trabalhar com importação. "Carros importados podem ficar até 90 dias em espera para poder 'nacionalizar'", argumenta.

"Com o dólar a 6 reais, dificulta também. O que vem acontecendo, acho que em todas as marcas, é uma ausência de fornecedores de componentes, que não estão em produção contínua. Há todo um prazo necessário até que os veículos cheguem nas lojas, e gera uma percepção de que está faltando carros novos e seminovos", completa Robson Berté.

Para ele, a paradeira pode terminar logo, porque há muitos lançamentos de diversas marcas que só costumam chegar nas lojas a partir de março. "Os clientes querem novidades. Por isso não estão trocando [de carro] no momento porque as novidades ainda não chegaram. Ainda tem a pandemia que acaba atrasando a produção".

O gerente de vendas da Perkal, Carlos Villa Maior, uma das maiores concessionárias de Mato Grosso do Sul, confirma o problema nas montadoras. Segundo ele, a produção caiu de até 50 mil veículos por mês para 19 mil em janeiro  e 15 mil em fevereiro. "Com estimativa de 15 mil também em março. Nossa expectativa de normalizar é só para abril", comenta.

Usados 

Para o proprietário da Giovel Automóveis, loja no Centro da cidade, Ronaldo Ribeiro, há  dificuldade em repor os estoques de veículos usados. "Meu estoque da loja está abaixo do que a gente trabalha. Não estamos conseguindo repor", reforça.

O negócio acaba prejudicado em cadeia. Falta carro zero, o cliente não consegue trocar o usado por um novo e as garagens são impactadas. "O mês de janeiro para mim foi mais fraco que o ano passado. Os carros novos estão com dificuldade de produção por falta de componente, caiu a venda de carros novos e por isso não entra carro usado no mercado", ressalta o empresário.

Na Auto Bellini Veículos, o espaço normalmente com 25 veículos hoje tem apenas 3 carros estacionados. "Se eu tivesse 15 carros hoje, venderia sim, porque o pessoal está procurando. A gente tenta fazer contato com lojas parceiras quando o cliente pede por um carro específico, mas nem assim conseguimos porque ninguém tem. Eu nunca comprei de fora, sempre conseguia comprar aqui, mas hoje vou ter que partir para isso", explica o proprietário, Fabio Bellini Marin.

Dono da Auto Marcas Veículos, Márcio Martins avisa: "Quem não for ágil, vai quebrar porque não tem outra forma de comprar, precisa trabalhar dobrado". O empresário tem viajado em busca de veículos para repor o estoque, mesmo assim uma das "fontes" secou. "Uma das formas que antes tínhamos de comprar era com locadoras. Elas locavam os carros por um ano para empresas e depois recebiam novos veículos e, por isso, vendiam os semi-novos. Agora, as locadoras não recebem o zero e não revendem o delas".

Márcio conta que foi a São Paulo, em uma locadora que comporta mais de 3 mil veículos e havia apenas seis. O cliente acaba sentindo não só na falta de opção, mas também de desconto. "Com a pandemia, a gente achou que as vendas fossem despencar. Todo mundo se preparou para quebrar, inclusive eu. Mas tem acontecido o contrário, todo carro que eu coloco vende. O problema é a dificuldade para eu conseguir comprar e poder vender, por isso, se cliente pede desconto não consigo dar. É difícil eu conseguir comprar, então preciso manter o valor e compensar a venda".

Apesar do mercado aquecido até o fim de 2020, de acordo com números da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), quando se compara a redução entre os meses de dezembro de 2020 e janeiro de 2021, a queda nas vendas é de 27,75%, mais um indicativo da falta de produto no mercado.

Fora da cidade 

Levantamento feito pela reportagem, com base em dados nacionais da federação, conclui que, no Brasil, há uma tendência de crescimento nesse quesito ao longo dos últimos cinco anos, mas que houve uma redução nas vendas de veículos usados ou seminovos entre janeiro de 2020 e janeiro deste ano.

Ao mesmo tempo, nota-se uma tendência de queda nos últimos três anos em relação a quantidade de emplacamentos - procedimento feito geralmente na aquisição de um carro novo. Entre 2017 e 2018 houve um boom nesse quesito, mas desde então tem reduzido. Comparando apenas os dois últimos anos, houve uma redução de 13% no País.